sexta-feira, 25 de novembro de 2011

BASTIDORES] O mistério da Caninha Verde do Mucuripe

Por Danilo Castro


Bem, esse post de bastidores é quase um desabafo. Há cerca de um mês encontrei uma amiga: Shirley Alencar, estudante de Licenciatura em Teatro e envolvida com o Mira Ira, grupo de folclore do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Bem por acaso ela me contou a história da Dona Gertrudes, 83 ou 84 anos, uma mestra da Cultura Popular que dança a Caninha Verde do Mucuripe, um folguedo de origem portuguesa que celebra um casamento da Corte Real. Essa dança-teatro tem suas especificidades perpassadas numa tradição que já dura cerca de 616 anos, segundo o site da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-Ce). A história me instigou quando Shirley relatou que a Caninha Verde pode estar passando por um processo de decadência, já que quem encabeçava as reuniões e apresentações era o marido de Dona Gerta, José dos Santos, que faleceu há alguns anos e por isso foi ficando cada vez mais difícil pra Dona Gerta continuar com a Caninha.

A ideia da nossa pauta era descobrir de que maneira a mestra da Cultura Popular sobrevive, que tipos de apoio ela tem do governo através da “Lei dos Mestres”, como ela recebeu a titulação de mestra, se o apoio é suficiente, se dá pra sobreviver de arte, de apresentações do seu manifesto artístico. Procuramos então Lourdes Macena, uma das maiores pesquisadoras em Cultura Popular no Brasil, e ela ficou de nos passar os contatos da Dona Gerta, mas mesmo depois de e-mails, mensagem no celular e ligações, não conseguimos o telefone da nossa futura entrevistada.

Ligamos então para a Secult-Ce, pegamos vários telefones que seriam da mestra, mas nenhum deu certo. Então lembramos do Gilmar de Carvalho, escritor, professor e pesquisador em Cultura Popular, talvez ele também tivesse os contatos. Sim, ele nos passou os números de telefones, mas também não deram certo. Segundo ele, há cinco anos ele não mantém contato com a mestra, uma mestre.

Descobrimos que a Dona Gerta mora no Morro Santa Teresinha, no Mucuripe, mas que ela mudou de residência e agora está num lugar que não sabemos mais qual é. Depois soubemos que Lourdes Macena estava em Minas Gerais e não tinha como nos passar os contatos porque estavam anotados em algum lugar numa agenda que ela iria procurar quando pudesse. Mas até agora infelizmente não recebemos nenhum contato. Vamos continuar procurando Dona Gerta até o último momento, mesmo que os prazos da disciplina acabem. É uma história que vale a pena investigar. Bem, apesar de tudo estamos também encaminhando outras pautas sobre artistas de rua e já estamos com entrevista marcada com o Mestre Zé Pio, brincante do Reisado Boi Ceará.

Na conversa que a Gabriela Alencar teve com o Gilmar de Carvalho, ele falou um pouco sobre a possibilidade de “morte da Caninha Verde” e sobre a legitimação dos Mestres da Cultura Popular através de uma lei implantada pelo Governo do Estado. Confira:





No vídeo abaixo, uma apresentação do grupo Mira Ira, que reproduz a Caninha Verde do Mucuripe em suas apresentações.




Equipe: Danilo Castro, Danielle Melo e Gabriela Alencar

4 comentários:

Naia disse...

Danielo, Gabi e Dani, estou aqui na torcida para q vcs encontrem D. Gerta e possam conhecer a caninha verde por meio dela. Se vcs a encontrarem, por favor, me passem esses contatos, pq valem ouro, pelo menos de acordo com a entrevista do Gilmar q, por sinal, ficou mto boa! A única ressalva q faço em relação ao texto diz respeito ao modo como vcs apresentaram a pesquisadora Lourdes Macenas. Quem diz q ela é uma das maiores pesquisadoras de cultura popular no Brasil? Quero apenas alertar q há maneiras de se destacar o sginificado da fonte, sem, de certa maneira, estabelecer um juízo de valor. Pra mim, por exemplo, o Gilmar é o maior pesquisador em Cultura popular, e aí? Qual critéiro utilizei para respaldá-lo? Sou chata em relação a esses detalhes, mas é apenas para q vcs fiquem alertas. No mais, ansiosa para saber o paradeiro da nossa mestre da cultura. Parabéns pela iniciativa, isso é também jornalismo investigativo.

Juscelino disse...

Eita que o negócio tá trabalhoso, por ai, né? Mas é aquela coisa, gente... torcer pra pauta não cair, mas ter pelo menos uma ali do lado, de ressalva. Ademais, torcendo aqui procês acharem a entrevistada. :)

Amanda Alboino disse...

Poxa cara... Tomara que vocês a encontrem! É uma pena esse costume sumir assim... estou torcendo por vocês!

Unknown disse...

Sou morador do Mucuripe. Quando criança vi muito desssas manifestações. Até 2005, uma dessas representantes da Caninha Verde ainda morava no bairro, alí por trás do campo Terra e Mar. bom, não sei se ainda reside por lá. Há dois anos sai do bairro. Mas acredito que possa ajudar vcs em alguma coisa.